segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Tame Impala - Innerspeaker


Ano de lançamento: 2010

Rafael disse:

"É engraçado pensar que para me inspirar e falar a respeito de Innerspeaker, o primeiro disco do Tame Impala, estou ouvindo, neste momento, Tim Maia Racional vol. 1. Pode parecer bizarro, e é em certa medida, mas há uma ressonância contextual entre os dois álbuns: há a necessidade de se 'entrar na onda' do disco para que ele bata forte e aceitemos aquele mundo em que somos iniciados.

Kevin Parks, o líder da banda australiana, nos convida não a uma religião mas à sua mente embebida em psych-rock dos anos 60 e 70, uma mistura de um pouco de lisergia inocente dos Beatles, das batidas pesadas de um Blue Cheer, dos improvisos do Grateful Dead, das letras psicóticas de Syd Barett, do clima ensolarado do verão do amor e dos confrontos de 68.

O álbum do Tame Impala nos saúda inicialmente com um chiado de estática de rádio e, na sequência, uma linha de baixo sinuosa, guitarras espiralantes e uma batida sincopada que vai ganhando corpo e um crescendo irresistível até desembocar nos vocais reverberados de Kevin Parks ressoando como um Lennon chapado de LSD no fim do túnel. Nisto nos vemos seduzidos com It is Not Meant To Be tal qual Imunização Racional, com seu groove malicioso que esconde uma mensagem religiosa em nossa cara.

Se neste ponto fomos tomados pela viagem de Innerspeaker, as faixas restantes somam-se à primeira num grande mantra hipnótico em que os timbres e efeitos de instrumentos e vozes, embora repetidos ao longo de todo o álbum, surgem em combinações diversas, nos colocando numa montanha russa lisérgica, seja pelos ataques de guitarras com efeito fuzz no máximo de Desire By Desire Go, Lucidity e Expectations, seja pelas passagens instrumentais viajadas de Island Walking e Jeremy´s Storm, ou de faixas psicodélicas dançantes como Solitude’s a Bliss e Runway, Houses, City, Clouds.

Tal qual Tim Maia Racional, ouvir Innerspeaker pode ser uma experiência recompensadora ou frustrante e tudo depende do quanto está apto a se entregar para esta experiência. Se entregar não no sentido de seguir cegamente uma seita ou religião ou se entorpecer ao máximo para se transportar para outro mundo, mas a entrega genuína ao universo sonoro que somos apresentados. No caso de Innerspeaker, por determinados momentos exige-se demais do ouvinte e por isto perde-se a chance de ser uma grande obra."

Nota: 7/10


Felipe disse:

"Admito que foi o primeiro álbum inteiro do Tame Impala que ouvi. A proposta é legal, uma banda atual que toca rock psicodélico. A ambientação me lembrou o Pink Floyd de Syd Barrett, algumas coisas dos Beatles em Magical Mistery Tour (Blue Jay Way, Flyin) e Grateful Dead. As músicas são viajadas e diferentonas. Mas na metade do álbum eu já queria que acabasse logo.

Lançado em 2010, Innerspeaker é o primeiro álbum de estúdio da banda, formada por neohippies bonitinhos e de banho tomado. Destaque para a faixa Desire Be, Desire Go, que me lembrou Mutantes.

É uma pena que todas as bandas razoavelmente legais da atualidade explorem essa estética retrô. Talvez por tudo já ter sido feito em termos de rock n’ roll: pra mim, depois do grunge, há duas décadas, não apareceu nada novo. E o próprio grunge já era uma mistureba final, com características de punk, metal, rock alternativo e quase tudo que já havia sido feito até então. As bandas que aparecem hoje em dia não apontam para o futuro. E se é pra ouvir rock psicodélico, eu ouço o Grateful Dead mesmo, obrigado.    
  
Corro o risco de falar besteira, pois não sou conhecedor do trabalho dos caras, então minhas impressões são as de alguém que prestou atenção pela primeira vez. Os membros da banda têm cara de que teriam nojinho da lama em Woodstock e iriam preferir ficar mexendo em seus Iphones mesmo. Ainda assim, Innerspeaker é interessante. O que cansa mais é o vocal cheio dos mesmos efeitos.

Vale a pena ouvir direito. Só sei que, quando acabou, me deu vontade de escutar alguma coisa tipo Motorhead."  

Nota: 6/10

Um comentário:

  1. Meninos: parabéns pelo blog! Não entendo NADA do assunto, mas os textos são muitos bons!!! Já sabia que o Felipe escrevia muito bem, mas você, Rafa, me surpreendeu! Quando vocês falarem do Michael, volto a comentar! Bjo!
    Luiza

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